• EMDR

    Eye Movement Desensitization and Reprocessing
    (Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento dos Olhos)

    Andréia Araripe | Psicóloga - EMDR
  • EMDR

    Eye Movement Desensitization and Reprocessing
    (Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento dos Olhos)

    Andréia Araripe | Psicóloga - EMDR

O EMDR foi criado na década de 1980 pela psicóloga americana Francine Shapiro, Inicialmente para pessoas com transtorno de estresse pós-traumático. Hoje a técnica também é utilizada no tratamento de doenças como depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade etc. O EMDR representa uma importante mudança no enfoque psicoterapêutico, já que tem base fisiológica e permite o reprocessamento neurológico de lembranças difíceis e dolorosas. A percepção traumática, e as lembranças dolorosas, as imagens, crenças, emoções e sensações ligadas a elas podem ser modificadas em um nível neuroquímico, nas redes neuronais do nosso cérebro (sem medicação!). Dessa forma, o EMDR reorganiza os componentes causadores das memórias negativas e permite a cura dos traumas de modo que o próprio cérebro encontre um caminho de autorregulação.
Mas como isso acontece?
As informações vivenciadas ao longo do dia são processadas pelo cérebro enquanto dormimos. Parte do Sistema de Processamento de Informação a um nível Adaptativo (SPIA) é o sono REM (Rapid Eye Movement sleep), Durante essa etapa do sono, os eventos do dia são processados por meio dos movimentos oculares rápidos e arquivados na parte do cérebro que nos diz que isso é passado. Quando este sistema fisiológico funciona bem, os eventos do dia são processados e arquivados nos imensos bancos de memória cerebral para acesso futuro. Mas em algumas situações, quando há experiências traumáticas ou muito dolorosas e difíceis, por alguma razão que ainda não se sabe explicar completamente, a memória não é processada de forma adaptativa e permitindo o surgimento de pensamentos disfuncionais. É como que se a lembrança ficasse “engessada” no sistema neuroquímico da pessoa, juntamente com as imagens, pensamentos, emoções e sensações ligadas àquele trauma. A partir daí, tudo que a pessoa faz é distorcido pelo trauma vivido.
No EMDR, o terapeuta reproduz o movimento rápido ocular que ocorre durante o sono e estimula o paciente a recordar os eventos difíceis. Enquanto move os olhos, o cérebro se encarrega de reprocessá-los espontaneamente formando novas redes neuronais e permitindo uma ressignificação do evento passado. Em outras palavras: essa integração e ressignificação que acontece no cérebro permite que o passado finalmente vire passado, e deixe de atormentar no presente. Instrumentos de medição (SPECT scan, Pet scan, tomografias cerebrais sofisticadas, etc.) estão sendo utilizados para comprovar as mudanças na atividade cerebral ocorridas na terapia de reprocessamento.
Associando a TCC e o EMDR, é possível oferecer uma intervenção terapêutica que atua no ponto de encontro entre mente e cérebro. Questões e acontecimentos passados que interferem de maneira poderosa no comportamento atual do paciente podem ser reprocessados e ressignificados, levando a mudanças profundas, duradouras e, em muitos casos, definitivas.

A partir da queixa do paciente é possível trabalhar apenas questões pontuais, como um acidente, um assalto ou uma situação mais ampla e difusa, sem causas aparentes. Não há um tratamento padrão. É preciso fazer uma extensa e profunda anamnese para conhecer vínculos afetivos, experiências traumáticas e estabelecer a relação com a queixa atual e o melhor tratamento.
Vale a pena ressaltar que é possível utilizar estímulos bilaterais auditivo, visual e a tátil para alcançar o mesmo resultado. Assim, pessoas com deficiência visual ou auditiva também podem ser atendidas com o método.
Finalmente, o EMDR foi reconhecido oficialmente pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) como um dos métodos mais eficazes para o tratamento de desordens de estresse pós-traumático. Outros órgãos significativos nos EUA estão seguindo os passos deste reconhecimento. Cada vez mais se vê novas aplicações do método: ataques de pânico, dor crônica, desordens de ansiedade, doenças psicossomáticas e autoimunes, abalos resultantes de assaltos, mortes violentas de pessoas próximas, abusos sexuais ou estupros, fobias. Além disso, o método também pode ser utilizado para aprimorar habilidades do paciente, melhorar seu desempenho em atividades às quais ele ou ela se dedica.
Ora, ora! Então terapia não é somente para pessoas que têm um problema estabelecido, diagnóstico ou um trauma? Não, não e não! Qualquer pessoa que almeja crescer, melhorar, se conhecer, ser pleno e feliz pode e deve fazer terapia.
A Organização Mundial de Saúde indica a TCC e o EMDR como as primeiras opções de tratamento para saúde mental. Segundo essa organização, o “encaminhamento para tratamentos avançados, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou uma nova técnica chamada EMDR devem ser consideradas para pessoas que sofrem de TEPT. Estas técnicas ajudam as pessoas a reduzir vívidas lembranças indesejadas, e repetidas de eventos traumáticos” (OMS – Genebra, 2013).

© Copyright - ANDRÉIA ARARIPE Psicóloga | Todos Os Direitos Reservados. -

image